Por Roberto Marcio
Quando o vice-primeiro-ministro Deng Xiaoping visitou os Estados Unidos, em 1979, ele apareceu num rodeio realizado no estado do Texas, vestindo um chapéu de vaqueiro, num símbolo de amizade entre as duas nações. De lá para cá, o comércio e negócios impulsionaram o país asiático a se tornar um gigante econômico. Só que um aplicativo virou o epicentro de um grande debate que, a rigor, só interessa mesmo aos políticos, pois sua funcionalidade pode ajudar a expandir marcas a despeito de todo o contexto político que o envolve.
Ninguém tem dúvidas que os Estados Unidos contribuíram em muito para a expansão da China desde que Deng Xiaoping adotou o estilo texano para promover uma reaproximação entre as duas nações, que eram inimigas ideológicas durante a Guerra Fria (1945/1990). Os dólares norte-americanos entraram como nunca no mercado do país comunista, através de investimentos diretos e de suas corporações do Vale do Silício, estimulando do outro lado a formação de uma mão-de-obra que hoje o país tem muito a agradecer. É claro que nas últimas três décadas houve um investimento forte na educação, mas muito foi aprendido com os ocidentais, além da espionagem industrial que aconteceu de forma desenfreada.
No centro das polêmicas, podemos falar do maior sucesso do momento: o aplicativo Tiktok, a ponto do Presidente Donald Trump intervir na questão com ameaças de expulsão de sua funcionalidade nos Estados Unidos. A despeito das brigas políticas, o Tiktok é uma febre entre os americanos, um recurso que, apesar de ser usado com mais assertividade para brincadeiras, tem sua utilidade na área de marketing e produção de conteúdos. No Brasil, por exemplo, a novidade ficou por conta de sua exposição em um dos mais badalados reality shows da TV brasileira.
O Tiktok está presente na 12ª edição do reality “A Fazenda”, que teve início em 8 de setembro. Durante todo programa, a plataforma, que já é reconhecida pelos vídeos criativos e autênticos, irá proporcionar momentos de emoção para os fãs do reality. Ele será um canal de comunicação direto entre os participantes e o público e garantirá uma interação inédita, viabilizada pela agência Publicis. A sua exposição, segundo a agência, poderá garantir uma exposição das marcas a milhares de fãs internautas.
Trazendo novamente para o conflito entre países, o Tiktok realmente tem incomodado os políticos. No entanto, há quem enxerga a possibilidade de aproveitar a situação para adquirir seus direitos. Depois da ameaça de Donald Trump de banir o aplicativo nos Estados Unidos, o Walmart agora é o mais novo interessado na compra do aplicativo. A empresa pretende se juntar à Microsoft para fazer uma oferta bilionária e conseguir comprar os direitos de uso no país, que atualmente pertencem à empresa chinesa ByteDance.
Autoridades em negócios falaram sobre a possibilidade do acerto bilionário. E, diante da possibilidade de compra, o Yuval Ben-Itzhak, CEO da Socialbakers, plataforma líder global em soluções para a otimização de performance corporativa em redes sociais, divulgou a sua opinião. “O TikTok é mais adequado para operar de forma independente, mesmo que seja de propriedade de uma empresa americana ou de outro país. Isso permitirá que o TikTok mantenha seu foco e cresça na velocidade do social como o conhecemos atualmente. Conectar o TikTok a qualquer organização lenta, cuja função principal do dia a dia não seja social, não será uma boa notícia para seus usuários”, comenta o especialista em redes sociais.
Vários segmentos econômicos aderiram a essa sensação do mundo virtual. A Final Level, maior plataforma de entretenimento gamer do país que não para de crescer e de inovar. A estratégia da empresa para entrar no TikTok e engajar os fãs, conquistar novos públicos e disseminar o conteúdo para trazer proximidade é uma realidade. Em apenas seis meses a empresa já atingiu 1 milhão de seguidores e 9 milhões de curtidas. Seguem alguns pontos trabalhados dentro da plataforma chinesa pelo Final Level: conteúdo original (Time de influenciadores digitais reconhecidos no mundo dos games que criam conteúdos junto com o Final Level para o Tiktok) e parceiros do aplicativo para construir conteúdo que façam sentido para o público.
Para os negócios, o TikTok for Business é a solução projetada especialmente para marcas e profissionais de marketing, as ferramentas servem para que os produtores de conteúdo sejam mais criativos e tenham mais envolvimento com a comunidade Tiktok. O app também anunciou que está testando uma nova plataforma, chamada Creator Marketplace, em algumas regiões.
Nascido na China em setembro de 2016 e batizado primeiro de Douyin, o aplicativo recheado de dancinhas e sincronia labial nas músicas, já é utilizado mensalmente por mais de 1,5 bilhões de usuários em mais de 150 países. Se você ainda não possui uma conta no TikTok, certamente já se deparou com vídeos “dele” em sua *timeline ou story do Facebook, Whatsapp e Instagram. Associar a sua marca para criar peças publicitárias com o objetivo de ampliar seus negócios, é uma bela saída e o Tiktok está aí para comprovar.